quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tendinite


Tendinite é uma dorzinha chata que persegue há mais de 15 anos.

A primeira vez deu trabalho, começou com a dor na mão e depois ela andou até o cotovelo e alguns meses depois eu tinha o braço todo tomado. Rodei por médicos, exames, terapeutas e quase parei a faculdade de publicidade para fazer a de fisioterapia. Conhecia todas as técnicas, exercícios e necessidades. Passei perrengues tristes e engraçados: queimei a mão com a parafina da clínica por uma desatenção da terapeuta, o gesso era tão pesado para imobilizar o braço todo que o resto do corpo não aguentava carregá-lo, briguei com uma ex-chefe que ligou na minha casa e me mandou voltar pro trabalho mesmo com gesso e com dor e mais mil episódios. Ouvi muitas versões de variados médicos. Cheguei a ouvir que nunca mais meu braço seria normal e que eu nunca mais poderia usar o controle remoto, o computador ou carregar um saco de açúcar.

Um dia, ali ao lado da casa da minha mãe eu conheci uma fisioterapeuta recém formada que saiu do básico e do óbvio. Primeiro ela me mandou para a água, tanto na terapia quanto fora. Fui pra piscina. Fazia um frio absurdo e eu acordava cedo para ir pra piscina - eu e uma dúzia de senhores e senhoras com mais de sessenta anos. E como eu dava risada. Metade da terapia era o convívio com eles, a outra parte era me soltar na água. Sem muito sentido. Só me mexer na água quente, sem muito esforço. E quando eu ia pra fisioterapia lá ia eu pra água novamente, uma batedeira de bolo enorme que eu colocava o braço enquanto a água quente massageava meu exterior e o barulho do motor hipnotizava o meu interior. Esta mesma criatura me apresentou a acupuntura e a massagem relaxante. Entendi que a acupuntura não alivia apenas as dores locais, mas trata todo o sistema, aliviando muito mais do que a tendinite. E tudo aquilo que fiz em seis meses foi esquecido e substituído. Sarei. Uns dez anos depois eu vi esta mesma terapeuta numa reportagem na TV. Ela e suas terapias alternativas tinham conquistado o Hospital das Clínicas em SP. Parabéns, resultado merecido.

Sarei  apesar de sentir algumas pontadinhas quando exagero no computador. Nada preocupante. E voltei à vida normal. Até o ano passado quando uma dorzinha velha conhecida começou a cutucar o meu joelho. E lá fui eu ao médico. Exames e terapias e tudo mais. Conversando com o médico chegamos à conclusão que a tendinite apareceu de tanto andar na areia da praia. A areia não era muito nivelada, era mais como praia de tombo, quando a areia tem um desnível quando se aproxima do mar. Enfim, forcei o joelho de tanto andar na areia torta. E eu achando que estava fazendo um ótimo exercício... Pra cabeça sim, mas para o corpo não funcionou. Voltei pra fisioterapia comum - aquela básica. Louca pra voltar pra acupuntura e me livrar desta dor. Mas o trecho em Mucuri não me dava esta oportunidade. Ainda tive que ficar bem feliz por ter uma fisioterapeuta carioca que me ajudou bastante.

Aqui em Curitiba voltei ao médico. Ele disse que a acupuntura ajuda, mas que tem que fazer a fisioterapia. Tá bem, ele é do tipo que não acredita. Eu só acredito porque senti na pele. Vou fazer o básico. Além de procurar um terapeuta especialista em acupuntura, claro. Achei. Um velhinho muito simpático. Que sei que vai me livrar da dorzinha do joelho e muitas outras coisinhas chatas que todos nós temos e que nos incomodam. Uma dorzinha de cabeça aqui, uma alergia ali.

E assim vai. Eu e meu joelho. A procura de uma vida melhor.

Um comentário:

  1. É a novela do joelho, são muitos trechos, por isso, rsrsrsrs... Beijos! Ah, mas eu aprendi com isso tbém, caminho na vila e depois vou ver a cara da praia, rsrsrs.

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