sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sozinha

Por muitas vezes fico sozinha. Juliano viaja e me deixa só. Pode ser por uma noite, duas ou quarenta. Cada cidade que a gente vai ele tem outra pra ir. Normal. Não reclamo. Já tive que viajar por muitas vezes também. Mas no trecho, quando percebo, estou completamente sozinha.

E minha vida muda totalmente. Meus horários ficam malucos. Não tenho vontade de ir pra cama dormir. Fico sempre até muito tarde vendo um filme - ou dois, ou três. Sinto que a cama não fica tão confortável. No frio então, pior ainda: não esquenta! E cada dia que ele fica longe, mais tarde eu vou dormir. E mais tarde eu acordo. E tudo fica atrasado. O café-da-manhã é as onze, o almoço é as dezesseis. Jantar lá pelas dez ou onze da noite. E ai antes de dormir tem que ter um chá, afinal já passou das duas. Em uma semana minha vida já está de cabeça pra baixo.

Consigo preencher meus dias mesmo sem a rotina de quando ele está em casa. Talvez eu leia mais ou fique mais tempo no computador – com certeza! Cuido mais do meu jardim. Passeio mais com a cachorra. Tem dia que não dá vontade de fazer nada e tem dia que não paro. Aproveito sua ausência para mudar as coisas de lugar - de preferência os móveis da sala ou do quarto. Tiro tudo dos armários e separo aquilo que deve sair. Escrevo. Escrevo mil coisas.

E passeio. Ando por todos os cantos da cidade. Parques. Conheço ruas novas. Visito lojas conhecidas. Vou ao shopping e ao cinema. Vez ou outra ligo pra alguém conhecido e programo uma visita. E vou variando: um dia eu cuido da casa, um dia eu saio de casa, no outro não saio do sofá. Às vezes fico até as duas da madrugada trabalhando e no outro dia não trabalho.

Tenho prazer em ficar sozinha. Divirto-me. Adoro a calma e o silêncio. Gosto de não ter hora pra nada. Trabalho no horário quer quiser. Se der vontade de comer eu como, se der vontade de sair eu saio. Livre. Completamente livre.

E ai começa a saudades da rotina. Saudades do homem que vive ao meu lado e do agito que ele causa quando chega em casa todos os dias.  Sem ele perco a noção dos dias e das horas. Tanto faz se é terça-feira e se já é meio-dia. Responsabilidade zero.

Ele me faz viver melhor. Minha vida sem ele seria uma bagunça. E cada vez que acontece é ainda mais gostoso quando ele volta pra casa. Esse tempo sozinha me faz muito bem, porém melhor ainda é tê-lo em casa. Falando ou dormindo. Em casa.

E ai tudo volta ao normal. A rotina toma forma. Minha vida anda nos trilhos. Visto novamente a roupa da responsabilidade e volto ao mundo dos seres humanos comuns. Comuns e cheios de complicações, de loucuras. Que são necessários para nos dar o mínimo de stress. Um pouco de ansiedade. Que agita o sangue e faz o coração bater mais rápido.

E de repente já é hora de mais uma viagem. E me entrego a mim mesma novamente. Sozinha. Absolutamente só.

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